domingo, 6 de janeiro de 2019

Primeira semana de Bolsonaro

Nosso Presidente tomou posse na última terça e nos três primeiros dias úteis de seu mandato produziu uma quantidade assombrosa de disparates, inacreditável até para os seus críticos mais convictos, como eu. No entanto, sente-se no ar, emanando dos meios de comunicação, nas redes sociais e das conversas com familiares e amigos, um certo grau de esperança de que o governo, composto pelo ministério, que foi nomeado pelo Presidente, e demais escalões, o deep state, acabem segurando a onda de asneiras presidenciais e garantindo um governo reformista e liberalizante, a ver.
A contradição é evidente desde sempre. O Presidente é uma pessoa ligada ao estado desde a adolescência. Militar rebelde, saiu do Exército (antes de ser expulso) para ingressar na política, defendendo bandeiras corporativas dos militares e depois de policiais e ainda mais à frente, dos servidores públicos em geral. Mas foi eleito por uma onda política que quer reformas do estado, com corte de privilégios de servidores e controle do custo da máquina pública. Ora, o histórico do presidente não "orna" com esse receituário, e suas primeiras declarações mostram um abismo entre suas ideias e as da sua equipe econômica. Quem prevalecerá?
Nós, os críticos, sempre achamos que o eleito detém o poder e imporá sua vontade, mais cedo ou mais tarde. Daí vem a convicção de que não haveria chance de avanços liberalizantes, com reformas importantes na previdência e na estrutura das corporações que tomam conta do estado brasileiro, nem um avanço relevante nas privatizações das maiores empresas públicas, o que nos faria passar por mais um governo com a economia patinando e as crises se avolumando.
O clima de esperança que ainda se faz notar claramente no país parece supor que o avanço liberalizante se dará independentemente das contradições e despreparo do presidente, como se ele fosse não O detentor do poder presidencial, mas o "veículo" de uma ideia que se tornou majoritária na sociedade e que se imporá.
A observação do desdobramento desse governo será muito instrutiva. Veremos se o senso comum, que indica que deveríamos escolher dentre os mais preparados para assumir o comando de um governo, ainda vale alguma coisa ou se ele está equivocado e o que importa mesmo é a força das ideias que o eleito carrega. Quem viver, verá.