domingo, 26 de abril de 2020

O político em cada um de nós 2

Tendo estabelecido que a política é o caminho para o convívio em sociedade e que, portanto, políticos são parte indispensável desse convívio, queiramos ou não, façamos então uma reflexão sobre eles e sobre as razões porque as pessoas na verdade não deveriam se sentir enganadas por seus representantes, os políticos.

Político é todo aquele que quer liderar, quer tomar a frente nas decisões ou pelo menos influenciar nelas. Nesse sentido, vemos que muita gente tem essas tendências. Numa democracia representativa como a brasileira, as vontades dos eleitores (dos eleitores, porque a população em geral tem muitas vontades, mas só os eleitores elegem quem tomará as decisões) vão se juntando nas eleições de vereadores e prefeitos nas cidades, de deputados estaduais e governadores nos estados, e de deputados federais, senadores e presidente da república.

Assim, todos os nossos políticos eleitos são nossos representantes legítimos porque nós os elegemos. "Não me representam porque eu anulei meu voto", "não me representam porque meu candidato perdeu". Lembre-se do condomínio no meu post anterior, se você não comparecer à assembleia ou for voto vencido, ainda assim terá que aceitar a decisão da maioria, são as regras do jogo.

Agora, numa democracia quem quer ser eleito e tomar as decisões pela sociedade tem, portanto, que conquistar votos. A conquista de votos é conseguida pelos candidatos que apresentam propostas mais atraentes ou que representem as vontades de mais eleitores. O que se faz para conquistar os votos dos eleitores,entretanto, é que pode ser fonte de muitos problemas. Vejamos nos próximos parágrafos:

Para convencer o maior número possível de eleitores um candidato tem que comunicar bem as suas ideias. Para isso usará sua própria capacidade de comunicação e seu carisma para atrair a atenção dos eleitores para suas ideias, mas precisará também usar de muita propaganda para atingir milhares ou milhões de eleitores, conforme o cargo a que concorrerá. Propaganda custa dinheiro. Financiamento de campanhas eleitorais é um desafio em todas as democracias do mundo, porque nem todos os candidatos jogam limpo e  há sempre o risco do uso de recursos ilegais. Muitas vezes oriundos de grossa corrupção contra os cofres públicos mas também financiamentos ilegais que alteram o equilíbrio do jogo político, pesando mais o prato da balança a favor de certos grupos econômicos.

Além da possibilidade de fraudes no financiamento das eleições, outro risco que o eleitor corre e para o qual precisa estar atento é o de comprar gato por lebre, isto é, o candidato lhe vender um conjunto de ideias e de propostas feito exclusivamente para conquistar o seu voto, quando na verdade seus objetivos e crenças são outros. Esse é o chamado estelionato eleitoral.

Concluindo, a disputa eleitoral é dura porque todos os candidatos querem ganhar a atenção e a confiança dos eleitores e nessas horas os maus podem acabar sendo beneficiados justamente pelos vícios do processo - e é aqui que o eleitor maduro, que superou a fase infantil da dicotomia, do bonzinho versus o mauzinho, se diferencia da massa manobrável por políticos desonestos - porque eles não se acanham de mentir, de fazer falsas promessas, nem de usar dinheiro sujo.
O eleitor maduro tem, assim, um olhar crítico sobre todos os políticos, evitando a armadilha do apoio incondicional a qualquer um, sabendo que todos eles tem interesses e querem o poder de influenciar e decidir os destinos da sociedade.






quinta-feira, 23 de abril de 2020

O político em cada um de nós

Muitas pessoas dizem que não gostam de Política, que não entendem a Política e que não precisam de Política. Bom, nós podemos não gostar e podemos não entender a Política, mas não podemos prescindir dela. Demonstrar isso é o objetivo desse texto.

Nós humanos somos seres gregários, só conseguimos viver em grupos. O grupo mais básico e fundamental da sociedade é a família. Nesse grupo essencial há geralmente uma autoridade, o pai ou a mãe, que toma as decisões nos assuntos de interesse do coletivo, podendo dar mais ou menos espaço para a participação de outros membros da família na formação dessas decisões. Assim, cada membro toma as decisões sobre seus assuntos particulares no dia a dia, mas o chefe ou representante é que dá a palavra final nos assuntos do coletivo.

Expandindo o grupo, temos a agregação de várias famílias formando uma comunidade. Aqui podemos ter uma pequena aldeia ou uma vila, mas quero pegar o exemplo de um condomínio. Várias famílias habitam num espaço delimitado, que contém áreas individuais de cada família e áreas de uso comum. As relações políticas aqui já são intensas. Tanto dentro de cada família, quanto a relação entre as famílias na comunidade do condomínio. Vamos ver:

Os assuntos de interesse coletivo dessa pequena comunidade precisam ser tocados de alguma maneira. Por mais inovadora que ela seja, logo ficará claro que se não se organizarem e delegarem a alguém a responsabilidade de cuidar dos pequenos reparos que se façam necessários, pagar as contas dos serviços públicos, cuidar da limpeza das áreas comuns, o caos se instalará e a convivência naquele espaço se inviabilizará ou se tornará muito difícil.

Então o que faz o condomínio? Convoca uma assembleia onde um representante de cada família vota (Poder Legislativo) para designar um Síndico (Poder Executivo) que ficará responsável pela administração do dia a dia do condomínio dentro de um limite orçamentário e regras estabelecidas pela assembleia. Então, nesse ambiente a política está presente desde o início e é indispensável para resolver os problemas da coletividade.

Desse modo, gostando ou não gostando, entendendo ou não entendendo de Política, não se pode prescindir dela para possibilitar a vida em sociedade.Claro que no nosso exemplo do condomínio a proximidade e o controle exercido pelos condôminos (cidadãos) é muito mais próximo e efetivo.

Numa comunidade ampliada, como uma cidade, um estado e um país, a complexidade da administração é cada vez maior, em comparação com o nosso condomínio. Aqui a Política tende a se profissionalizar e a capacidade de controle dos cidadãos vai ficando cada vez mais indireta e distante, mas os fundamentos são os mesmos e a Política é mais indispensável do que nunca.

Lembre-se, esbravejar que Político não presta e que a política é um ninho de ladrões só expõe o quão pobre é o seu entendimento da vida em comunidade. Se você não participa e não quer entender quem são os candidatos a representar você na Prefeitura ou no Senado, por exemplo, saiba que outros se interessarão e participarão e elegerão aqueles que melhor representem os interesses deles, os que se interessam e participam. Igualzinho ao que acontece no seu condomínio.