domingo, 6 de agosto de 2017

Indivíduo x Massa

O Brasil está cheio de aventureiros e oportunistas buscando manipular as massas para o atingimento de seus propósitos muito egoístas e mesquinhos. Isso se dá porque pressentem a oportunidade, dada pela conjuntura atual, de atropelar a democracia e pegar atalhos para a tomada do Poder Central, desde que consigam arrastar milhões às ruas exigindo antecipação de eleições, convocação de Assembleia Constituinte e outras feitiçarias autoritárias.
Indivíduo e manipulação de massas. Do que estamos a falar? Vejamos:
A pessoa nasce, cresce, se realiza e termina a vida como indivíduo. É nessa dimensão da vida que alguém entrará para a Historia, ou não; Deixará um nome respeitado num ofício, ou não; Viverá uma vida plena ou desperdiçará a sua passagem por este planeta. Cada indivíduo é, em si mesmo, um universo complexo, com seu modo de ver o mundo, suas sensibilidades, suas habilidades e suas vontades.
O processo democrático lida com os cidadãos qualificados como eleitores. Cada eleitor é um indivíduo e deve ser convencido e conquistado pelas ideias para as quais se quer pedir seu apoio.A democracia, pois, por essa necessidade de conquistar o apoio de cada indivíduo até conseguir formar as maiorias necessárias tanto para eleger um vereador ou um prefeito, um deputado estadual ou um federal, um governador ou um senador, até chegar à eleição do presidente da República, tende a ser moderada, sem radicalismos, porque tende a refletir o temperamento e as escolhas da média dos eleitores. Então numa democracia é lícito esperar mudanças graduais e, às vezes, muito lentas. O que é muito frustrante para os espíritos mais inquietos e impacientes.
Outra dimensão da vida das pessoas se dá quando alguém passa a ser uma célula ou uma molécula na composição de uma massa ou turba. Quando a pessoa está numa massa ou turba, o indivíduo tende a se anular e a pessoa passa a sentir e a agir em sintonia com a turba.
A turba é um estado necessariamente temporário, porque requer o encobrimento parcial da personalidade do indivíduo. O termo massa aqui é usado no sentido que lhe deu Gustave Le Bon, no livro Psicologia das Multidões. Por definição a turba é avessa a complexidades e análises. A turba não pensa, age. Ela não espera, age. Ela não pondera, age.
A turba se forma rapidamente, quando uma multidão se galvaniza em torno de uma ideia, de um chamamento ou de um slogan. Depois de formada ela dificilmente pode ser detida e se torna extremamente perigosa e imprevisível, sendo capaz de violências inimagináveis.
Uma turba de umas poucas dezenas de pessoas pode se formar rapidamente e promover um linchamento numa feira livre ao ouvir um grito de - pega ladrão!, por exemplo, ou promover um quebra-quebra num jogo de futebol. Uma multidão de centenas de milhares ou milhões, pode depor um governo e mudar radicalmente os rumos de uma nação.
É com esse espírito indomável das massas que os aventureiros esperam contar para tomar o poder, já que pela via eleitoral dificilmente o conquistarão.

sábado, 5 de agosto de 2017

SIGNIFICADO DO TERMO; SOCIALISMO E COMUNISMO

No verbete Socialismo no Dicionário de Política de Norberto Bobbio, temos a seguinte definição:"Em geral, o Socialismo tem sido historicamente definido como programa político das classes trabalhadoras que se foram formando durante a Revolução Industrial. A base comum das múltiplas variantes do Socialismo pode ser identificada na transformação substancial do ordenamento jurídico e econômico fundado na propriedade privada dos meios de produção e troca, numa organização social na qual: a) o direito de propriedade seja fortemente limitado; b) os principais recursos econômicos estejam sob o controle das classes trabalhadoras; c) a sua gestão tenha por objetivo promover a igualdade social (e não somente jurídica ou política), através da intervenção dos poderes públicos. O termo e o conceito de Socialismo andam unidos desde a origem com os de COMUNISMO (V.)..."

Meu comentário: os esquerdistas normalmente disfarçam seu discurso aparentemente adotando valores democráticos, mas são, por definição, anti-democráticos. Vejam no verbete acima, limitações ao direito de propriedade, recursos econômicos sob controle das classes trabalhadoras (leia-se sindicatos e outras "organizações sociais") e IGUALDADE SOCIAL imposta pelos poderes públicos.

As pessoas são diversas em inteligência, ambições, desejos e capacidade de realização, mas o Socialismo vê a igualdade como um valor fundamental, superior à liberdade individual. Para fazer valer os seus valores fundamentais, precisa construir uma sociedade centrada no Estado, que DECIDIRÁ os aspectos principais da vida das pessoas e dos valores daquela sociedade.

A livre iniciativa, a meritocracia, a possibilidade de alguém, por seu próprio esforço, alcançar o topo no que se proponha, seja nos negócios, nas ciências ou em qualquer outra dimensão da vida humana, estará sujeita à conveniência do Estado.

Essa é a razão porque nenhum regime genuinamente socialista jamais foi ou será democrático. Em qualquer sociedade há muitas pessoas que querem viver a vida por sua própria conta e não aceitam ser direcionadas pelo Estado. Essas pessoas só podem ser contidas pela força. E os socialistas usam a força sem cerimônia contra seus próprios cidadãos, vejam os exemplos históricos das execuções, dos campos de trabalhos forçados e dos presos políticos.

sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Seria o parlamentarismo a vacina anti-esquerdas?

O assunto Reforma política tem sido debatido há trempos no Brasil e, recentemente, com a extinção do financiamento empresarial de campanhas, decidida pelo STF, e a aproximação das eleições gerais de 2018, a discussão ganhou uma pitada do tempero da urgência, já que não há atualmente uma fonte alternativa para a grande quantidade de dinheiro demandada por uma jornada eleitoral nacional nos moldes atuais.
Os temas tidos como relevantes no debate são de caráter tanto operacional quanto estrutural. De caráter operacional temos principalmente a discussão em torno do modelo das campanhas e fontes de financiamento. A estrutura do sistema envolve temas como cláusula de barreira, coligações eleitorais e a escolha do regime de governo, se continuamos no presidencialismo, que tanta instabilidade tem trazido, ou migramos para o parlamentarismo.
Alega-se que o parlamentarismo torna os rearranjos e reacomodações do poder político muito mais suaves que o presidencialismo, o que é verdade. Por outro lado, o que tem sido pouco comentado ou percebido é a consequência prática de assumirmos o parlamentarismo.
Pelo histórico de votações para o Legislativo, o campo das esquerdas (incluindo aí o PSDB) ) tem ficado com pouco mais de um terço da representação na Câmara dos Deputados, de modo que estão muito longe de alcançar a maioria. Já todo o arco ideológico que exclui as esquerdas, que chamaremos aqui de Centro-direita e inclui PMDB, PP, PR,PSD, DEM, PRB e outras siglas menores, fica com cerca de 60% das cadeiras.
Bom, como sabemos e sentimos na pele, embora represente apenas cerca de um terço do eleitorado, as esquerdas conseguiram eleger os quatro últimos pleitos presidenciais no Brasil.
Então a questão que se alevanta é a seguinte: sem a possibilidade de eleger o chefe de governo numa eleição majoritária (foram todas em segundo turno, quando necessariamente há um confronto direto e binário) como tem ocorrido nas últimas quatro eleições, a única chance da Esquerda algum dia voltar ao poder seria contando com uma divisão profunda no bloco Centro-direitista, para poder formar uma coligação política extraordinariamente ampla e improvável.
Será que a aprovação de um regime parlamentarista representaria a vedação permanente do acesso das esquerdas ao comando do poder Executivo?