sábado, 3 de outubro de 2020

A Paixão Política e o Pragmatismo dos Políticos

 A rotina da prática política é extremamente racional e pragmática. O exercício do poder é construído com intensas negociações, convencimento e construção de relações de confiança.

Numa democracia, onde é preciso ter maiorias para aprovar leis e medidas orçamentárias, a política é feita com frieza e cálculo; com negociação e sedução; com comunicação e convencimento. Isso porque os representantes eleitos detém, cada um, uma parcela do poder popular, que é exercido através de maiorias construídas no dia a dia do exercício democrático. 

Mesmo nas ditaduras há exercício racional da política. Embora o poder político aqui não venha de representantes eleitos pelo povo, é necessário conquistar o apoio dos reais detentores do poder, que normalmente são a elite econômica, ou parte majoritária dela, e os militares.

Já a paixão política é um mal que acomete parcelas do povo. Ela tende a ser fulminante para o senso crítico do indivíduo, que passa a ouvir e ver apenas um pacote de slogans e mensagens habilmente manipuladas por políticos profissionais para arrebanhar o apoio dos apaixonados. 

A paixão política acomete com força arrebatadora tanto o analfabeto quanto o intelectual com pós doutorado, tanto o pobre trabalhador informal quanto o empresário bilionário. Então, esse mal, que se distribui tão democraticamente entre os cidadãos, os faz, invariavelmente e ser usados pelos espertalhões e a fazer papel de bobos.