sábado, 20 de julho de 2019

Guerra à vista?

A humanidade, apesar de todos os avanços da Ciência e das tecnologias, não consegue superar a desigualdade e a miséria. As sociedades estão divididas e o ódio cresce.

O Brasil vice hoje sob o comando do improvável Bolsonaro, eleito pelos brasileiros, em parte por ódio e em parte por medo. Parte importante de seus apoiadores, os radicais de direita, são puro ódio, nominalmente às esquerdas, mas na verdade a tudo e todos que não se sujeitem à sua tacanhice. O resto do seu eleitorado, mais moderado, morre de medo do comunismo, da perda de privilégios (servidores públicos, especialmente os militares), do foro de São Paulo, do "gaysismo" e de outros demônios imaginários habilmente manipulados pela máquina de propaganda que o apoia.

O mais preocupante é perceber que ter Bolsonaro na direção de uma democracia importante como o Brasil não é uma aberração acidental e isolada. Olhe-se para os Estados Unidos e seu bizarro D. Trump, olhe-se para o Brexit, para as tensões na França e na Itália. Parece claro que as sociedades ocidentais estão divididas e intolerantes como há muito tempo não se via. Sociedades divididas, impacientes, dotadas de uma inédita capacidade de comunicação e de formação de facções muito influentes, através da comunicação de massa instantânea proporcionada pela internet, parecem fadadas à ruptura violenta.

A Democracia Representativa atual, desenvolvida a partir do Iluminismo do século XVIII, não tem sido eficaz para resolver os conflitos das sociedades, especialmente o redistributivo. As respostas às demandas não estão sendo dadas na velocidade que os tempos atuais exigem.

Se as sociedades ocidentais não encontrarem logo um modo de pacificar e unificar seus cidadãos, parece muito provável que um banho de sangue acabe por se impor para pacificar o povo como sempre fizemos, ao longo dos milênios, nos matando aos milhões.

domingo, 14 de julho de 2019

Da alocação de recursos públicos e de quem tem legitimidade para fazê-lo

Uma estupidez que se ouve e se lê hoje em dia no Brasil, vinda até de gente supostamente muito versada em Política e Democracia, é a que demoniza a alocação de recursos do Orçamento por Parlamentares. Então vamos dar uma olhada nisso:

Os chamados recursos públicos ou Orçamento Público é a soma dos dinheiros extraídos da sociedade através dos tributos e que servem, em princípio, para financiar uma miríade de serviços para a própria sociedade, claro que essa é uma visão bem simplificada, mas em princípio é isso.

Agora, uma vez arrecadado o dinheiro para os cofres públicos, vem a questão da alocação, isto é, em que vamos investir o dinheiro que sobra após o pagamento de todas as despesas de manutenção do próprio Estado (os milhões de servidores públicos ativos e inativos, os vereadores, os prefeitos e seus secretários, os deputados estaduais, os governadores e seus secretários, os deputados federais, os senadores, o presidente e seus ministros, todos os ministros e juízes do Judiciário federal e estaduais, os promotores e procuradores do Ministério Público federal e estaduais)?

Bem, é justamente para isso que nós elegemos nossos representantes. Nós temos as nossas demandas e numa Democracia quem negocia e defende as nossas demandas pelos recursos do orçamento é justamente nossos representantes eleitos. Essa é a sua principal atividade. Grande parte da legislação produzida nos parlamentos trata de alocação de recursos. Quando um vereador defende a abertura de uma escola num bairro, está tratando de alocar recursos; quando um deputado defende a construção de uma ponte, está tratando de alocação de recursos; quando o congresso legisla sobre tributação e taxas de impostos, são nossos representantes, cada um defendendo os interesses do seu eleitorado, tratando de alocação de recursos públicos.

Agora imagina o que seria realmente absurdo: recolher compulsoriamente todo o volume de recursos que pagamos em tributos e entregar para um governo central decidir a melhor alocação desses recursos. Esse dinheiro, que pertence a TODOS os brasileiros, possivelmente seria direcionado para atender apenas as demandas dos eleitores daquele governo. Ou poderia ser pior, imagina que fosse todo direcionado para uma corrida armamentista ou outra loucura qualquer.

Da próxima vez que ouvir alguém se queixando de emendas parlamentares e orçamento impositivo, achando um absurdo parlamentares quererem se meter em alocação de recursos públicos, ligue o desconfiômetro e verifique se está lidando com um vigarista, que está tentando te enganar, ou com um ignorante que não sabe o que diz. Me parece que o cara só pode ser uma coisa ou a outra, dessas duas possibilidades.

sexta-feira, 12 de julho de 2019

Advertência a você, meu querido!

Certeza absoluta prescinde de inteligência, requer apenas fé. A consciência da própria ignorância (ou duvidar) é indício forte da presença de sabedoria na pessoa.

"Quanto mais aumenta nosso conhecimento, mais evidente fica nossa ignorância."John F. Kennedy

O mundo atual está mergulhado numa realidade a que levará tempo  para a humanidade se adaptar. Nunca antes foi tão fácil acessar informação. Informação verdadeira e informação falsa está disponível numa quantidade tamanha e numa facilidade tal de acesso, que é muito fácil se informar rapidamente sobre qualquer assunto, porém muito difícil distinguir informação boa de informação falsa. Isso favorece a difusão de certas ideias tortas, que rapidamente encontrarão adeptos mundo afora. Daí, quando muitos se encontram acreditando numa mesma teoria bizarra, um apoia a ignorância do outro e todos eles acham que estão certos.

Nada mais comum hoje em dia do que ver multidões defendendo orgulhosamente  ideias que algumas décadas atrás ninguém se atreveria sozinho a expor em público, para não ser ridicularizado. A convicção cega, que é apropriada para fins religiosos apenas, hoje se manifesta em uma miríade de ideias e teorias as mais estapafúrdias.

Quanto mais ignorante, mais convicto. Quanto mais convicto, mais intolerante com o pensamento divergente.

Meu querido, duvide! Meu querido, questione! É possível. Você verá que há inteligência fora do grupelho do "feice" e há outros modos decentes de se ver o mundo e a vida.