O que caracteriza essa enorme força política é a ausência de definições ideológicas claras, o perfil majoritariamente conservador nos costumes e a multiplicidade de interesses representados. Aí estão muitas das chamadas bancadas temáticas; bancada da Bíblia (evangélicos), bancada do Agronegócio (proprietários rurais) e bancada da bala, por exemplo, mas o fato indiscutível é que essa parcela importante do Parlamento Brasileiro representa uma parcela igualmente importante do eleitorado e como tal deve ser respeitada.
Ocorre que as eleições para Presidente da República têm eleito candidatos de Esquerda ou de Direita, não de Centro. Mas, paradoxalmente, para o Legislativo, as parcelas mais ideologizadas da sociedade, minoritárias tanto à esquerda quanto à direita, costumam eleger, cada lado, apenas cerca de um quarto dos parlamentares federais brasileiros, de modo que tanto a Esquerda quanto a Direita são incapazes de formar a base de sustentação parlamentar para os presidentes que elegem e precisam buscar alianças com o Centro. Tudo perfeitamente democrático e razoável.
Mas o que temos visto é que esses grupos mais ideologizados não se conformam em ter que compartilhar e ceder para formar as maiorias necessárias. Assim o chamado Centrão é aceito como um mal necessário apenas. É comum ver, ler e ouvir frequentemente o Centro ser apedrejado por políticos, artistas e jornalistas, tanto à esquerda quanto à direita, muitas vezes tratado como um antro de bandidos. O que esses críticos não percebem, ou percebem mas fingem que não, é o caráter profundamente antidemocrático dessas generalizações e desses linchamentos morais que promovem. Afinal o Centro representa cerca de metade dos brasileiros.
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