sexta-feira, 19 de maio de 2017

Políticos lesos


A força-tarefa da lava-jato conseguiu construir uma narrativa em que aparece como a grande novidade para salvar o Brasil de si mesmo e acabar definitivamente com a impunidade dos poderosos. Essa onda moralizadora encanta a maior parte da imprensa e um sem número de cidadãos, de modo que a força-tarefa goza de influência enorme na opinião pública.
Esse apoio grande da sociedade, que a princípio parecia uma garantia de sucesso para a operação, à medida que a blindou de reações dos poderosos atingidos pelas denúncias, acabou se transformando em instrumento para o atingimento de objetivos políticos e ilegítimos.
Exemplos: agora a força-tarefa quer ditar que legislação o Congresso pode ou não pode aprovar, quer que aceitemos pacificamente abusos evidentes de autoridade como instrumentos legítimos de investigação, critica abertamente decisões de tribunais superiores que contrariem seus postulados.
Ora, o Judiciário e o Ministério Público tem poder político inegável, mas juízes e promotores não tem legitimidade - pela simples razão de que nenhum deles recebeu um mísero voto de um único cidadão - para sair impondo decisões ao Legislativo ou ao Executivo, a menos que decorrentes de processos legais devidamente tramitados. 
Nossa classe política está sendo rapidamente dizimada por um grupo de funcionários concursados que se auto designou para a missão de fazer a revolução neste país. E o pior é que a tarefa está sendo facilitada pelos próprios políticos.
Ao invés de se unirem para enfrentar a fúria dos sem votos que querem impor suas convicções na base do grito e do abuso de autoridade, os políticos não entendem a natureza do jogo, se dividem e fazem o possível para fragilizar seus adversários atacados, de maneira que as vítimas são abatidas numa velocidade e com uma facilidade inacreditável.
Mais cedo ou mais tarde a classe política terá que compreender que suas facções podem e devem manter as divergências em tudo que diga respeito ao jogo político da disputa pelo poder, mas devem se unir fortemente quando se tratar de defender suas instituições e suas prerrogativas. Ou será extinta com todo merecimento.

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