sábado, 3 de junho de 2017

Questão fundamental II

Estado de direito x Linchadores

A lei penal é cheia de garantias e ressalvas para tentar proteger o indivíduo porque na verdade é uma luta desigual. Seja lá o que for que o cidadão tenha feito, na hora da verdade, no julgamento, um indivíduo se apresenta basicamente sozinho, com o risco de seu destino, sua liberdade e, em última análise, sua própria vida, contra o Leviatã. Esse monstro é o estado, com seus promotores, suas polícias, seus juízes e sua opinião pública enfurecida.
Pense nisso por um instante. Eu, se algum dia tiver que estar no papel de acusado num processo penal, vou querer que todas as letras e todas as vírgulas da lei sejam observadas para que nenhum erro, mal intencionado ou não, me leve a pagar uma pena indevida.
Imagine o que é não ser mais capaz de decidir nem a que horas você vai dormir ou acordar, o que vai comer. Não poder conviver com os seus. Não poder ir aos lugares a que quer ir, sendo que te impuseram isso e você é inocente!
Bom, o processo legal é lento e formal por isso. Para minimizar o risco do indivíduo inocente ser esmagado pelo Leviatâ.
Os linchadores impacientes se exasperam com essa lentidão e querem logo cortar cabeças, mesmo que baseados em evidências circunstanciais, ainda que de origem fraudulenta.
Se, depois, descobrirem que cometeram um erro e cortaram a cabeça de um inocente, mudam de assunto, arrumam uma desculpa e vão à busca de outra vítima para acusarem.

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